Páginas

terça-feira, 20 de março de 2012

Desenhos de artista escocês se confundem com fotografias

Artista Paul Cadden utiliza apenas lápis e papel para suas obras hiperrealistas

Desenhos que podem tranquilamente ser confundidos com fotografias são a especialidade do artista hiperrealista escocês Paul Cadden, que é parte de uma exposição em uma galeria de Londres. As informações são da BBC Brasil.

As imagens estão expostas na galeria londrina Plus One (www.plusonegallery.com), especializada em hiperrealismo e lá devem permanecer até que sejam vendidas (os preços chegam a 5 mil libras, ou quase R$ 15 mil)

Segundo o artista, suas obras "intensificam o normal". Ele leva em torno de três a seis semanas para produzir cada obra.


CLARO ENIGMA Carlos Drummond de Andrade

Publicado em 1951, Claro enigma representa um momento especial na obra de Drummond. Com uma dicção mais clássica, o poeta revisita formas que haviam sido abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia.

O livro abre com a epígrafe do francês Paul Valéry, “Les evenements m’ennuient” (Os acontecimentos me entediam). Embora eloquente, a citação não corresponde perfeitamente à realidade, pois Drummond não vira completamente as costas para a vida mais pulsante. Pelo contrário: a experiência aparece em cada verso do livro, ainda que escamoteada por uma lírica que não se entrega ao fácil graças a uma visão algo desiludida do tempo e dos homens.

Mas há, claro, espaço para o lirismo do amor, como no célebre poema “Amar”, que começa com os versos: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. A lira romântica de Drummond está bem afinada neste livro, como pode ser comprovado pela leitura de poemas como “Rapto” e “Tarde de maio”. A mineiridade também é lembrada no livro, em poemas vazados pela nostalgia ou que recontam episódios antigos da terra natal do autor.

Claro enigma também conta com “A máquina do mundo” - eleito o melhor poema brasileiro do século XX por um grupo de críticos e especialistas consultados pelo jornal Folha de S.Paulo. Escrito em tercetos, é simultaneamente uma meditação profunda e uma espécie de épica íntima sobre a passagem do tempo e o conhecimento da vida como acontecimento breve e muitas vezes fortuito. Um clássico.


Notas sobre Gaza será adaptado para o cinema


A produtora Tu va Voir anunciou que Denis Villeneuve fará a adaptação do livro Notas Sobre Gaza, de Joe Sacco, para os cinemas. Os direitos estavam sendo negociados desde 2009- quando a obra foi publicada no exterior.

Em novembro de 1956, nas cidades de Khan Younis e Rafah, centenas de civis foram mortos pelo exército israelense em uma incursão militar que tinha tudo para ser uma operação rotineira de captura de guerrilheiros palestinos. Segundo um dos poucos relatórios da ONU disponíveis, os soldados teriam simplesmente entrado em pânico ao deparar com uma multidão em fuga. Já de acordo com o primeiro-ministro israelense, as tropas teriam entrado em confronto com rebeldes armados, muito embora não tenha ocorrido uma única baixa entre suas fileiras.

No livro, Joe Sacco mergulha nos escombros de um conflito que parece não ter fim para reconstituir alguns dos eventos mais importantes para a escalada de violência em que se transformou a relação entre israelenses e palestinos.





http://www.companhiadasletras.com.br 

Livro ‘Chamadas Telefônicas’, de Roberto Bolaño chega ao Brasil

Há obras que ganham projeção após a morte do autor. Foi o que aconteceu com o chileno Roberto Bolaño, cujo livro de contos Chamadas Telefônicas (tradução de Eduardo Brandão, 216 páginas, 39 reais), acaba de ser lançado no país pela Companhia das Letras. Mesmo que Bolañ já fosse um autor respeitado, é inegável que o fascínio pela sua obra (e sua figura) cresceu muito após sua morte, em 2003. O Brasil, mesmo, só recebeu os livros do escritor depois disso.
Chamadas Telefônicas, publicado originalmente na Espanha, em 1997, reúne contos sobre temas caros ao autor: vidas de escritores, personagens que não conseguem se ajustar à realidade, violência urbana e muitas passagens autobiográficas. Ao longo de catorze histórias, temos Bolaño pisando em seu próprio território. Ou seja, andando por diversos países e mesclando diferentes temas. Os contos, alguns de final surpreendente, percorrem um trajeto peripatético pelo mundo afora, refletindo a própria biografia do autor.

Nos contos do escritor, as andanças pelo mundo, os personagens cosmopolitas, as desilusões da vida, as marcas das ditaduras nos exilados e as errantes vidas literárias de escritores e poetas são temáticas que trazem à tona as veias abertas da América Latina, com toda a carga de tragédias e lirismo que a expressão carrega.


Festa Literária Internacional de Paraty, confirma a vinda do Nobel Le Clézio

Vencedor do prêmio Nobel de literatura em 2008, Jean-Marie Gustave Le Clézio, é presença confirmada na 10ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre os dias 4 e 8 de julho.

Com uma narrativa marcada pela experiência da guerra e das colônias, Le Clézio é autor de mais de 40 livros, entre ensaios e ficção. Escritor viajante, morou em diferentes países. Sua fala, escrita e posicionamento costumam carregar um questionamento dos valores do Ocidente, uma nostalgia dos povos primitivos e uma espécie de aflição permanente diante da história europeia.

Autor de referência na França, destacou-se a partir de Deserto. Lançado em 1986, o romance acompanha a marcha de um exército de maltrapilhos muçulmanos que, com seus camelos, cavalos, cabras, mulheres e crianças, atravessa o deserto de Mauritânia. A densidade do relato valeu ao autor o Prêmio Paul Morand da Academia Francesa. No Brasil, outros cinco títulos de sua autoria foram publicados: A quarentena (1997), Peixe dourado (2001), O Africano (2007), Pawana (2009) e Refrão da Fome (2009). Em junho, chega ao país História do pé (Cosac Naify), seu mais recente livro, publicado na França em 2011. A obra reúne 10 novelas sobre mulheres corajosas, que recusam o cinismo e a brutalidade do mundo.

Elogiada por intelectuais como Michel Foucault e Gilles Deleuze, sua obra é marcada por dois grandes períodos: de 1963 a 1975, explorou temas como a loucura, a linguagem, a escrita, dedicando-se à experimentação formal na sequência de contemporâneos como Georges Perec ou Michel Butor. No final dos anos 1970, seus romances se tornam menos atormentados e passam a abordar temas como infância, adolescência e viagens.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Heleno de Freitas, eterno craque do botafogo, ganha filme, após ter sua história contada em livro


A história de Heleno de Freitas é dessas capazes de prender o leitor até o último capítulo. O craque do Botafogo das décadas de 1930 e 40 é assim descrito na Wikipédia, a enciclopédia livre da interner: Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã, Heleno era homem de boa aparência, mas quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano. O craque será representado nas telonas pelo ator Rodrigo Santoro.

Veja abaixo o que disseram de Heleno de Freitas:

“O grande cigano, mais que centroavante, era uma oportunidade permanente para se falar mal de alguém.” GABRIEL GARCIA MARQUES - ESCRITOR
“O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo." ARMANDO NOGUEIRA, JORNALISTA
"Eu próprio reconheço que Heleno de Freitas não é bem um jogador, mas um personagem do futebol." NELSON RODRIGUES, DRAMATURGO E CRONISTA
"Heleno continuou com o diabo no corpo. Fez 28 gols em 27 jogos, criou casos com árbitros e bandeirinhas... e até revidou um pontapé de Domingos da Guia, o Divino Mestre da zaga rubro-negra." SÉRGIO AUGUSTO, JORNALISTA


http://www.estadao.com.br

Programação do Cineclube FGV


                                                                 http://cpdoc.fgv.br

Feira do Livro de Bogotá – Brasil país homenageado

Para incentivar ainda mais a presença brasileira em Bogotá, a Câmara Colombiana do Livro está oferecendo aos editores brasileiros afiliados a CBL, 3 diárias de hotel totalmente gratuitas durante o evento de negócios que serão realizados entre os dias 23,24 e 25 de abril. A 25ª Feira do Livro de Bogotá, acontecerá no período de 18 de abri a 1º de maio. Os interessados devem entrar em contato com Cinthia Favilla no e-mail projetos@cbl.org.br. A data final para confirmação é 30/3, os participantes já devem informar à CBL suas reservas aéreas, além de:

• Nome completo

• Data de nascimento

• Número do passaporte / série

• RG e CPF

• Endereço completo

• E-mail

• Telefone com código de área

Mais informações no site da CBL : http://www.cbl.org.br

Vincent van Gogh foi assassinado, diz biografia definitiva

O pintor Vincent van Gogh não cometeu suicídio. Foi assassinado. É o que diz a sua mais nova biografia - considerada definitiva pelo museu Van Gogh de Amsterdã. Van Gogh: The Life (Random House, US$ 40; cerca de R$ 72), foi baseada no livro Vincent van Gogh - The Complete Letters e será lançada no Brasil no segundo semestre, pela Companhia das Letras. As informações são da Folha de S.Paulo. 

Para os autores, Steven Naifeh e Gregory White Smith, a hipótese do assassinato é mais plausível do que a do suicídio. No entanto, ainda não se sabem as circunstâncias do possível acidente e o paradeiro da arma
A versão do suicídio foi crucial para a fama de Van Gogh, morto em 1890, aos 37 anos. A partir dela se estruturou a narrativa de um fim trágico para uma vida infeliz. Os biógrafos não sabem se o homicídio foi acidental ou intencional. "O tiro teria ocorrido após uma discussão, afetada por bebedeira, entre o pintor e René Secrétan, um estudante de 16 anos", disse Naifeh.

Segundo os autores, Van Gogh foi atingido numa estrada perto de Auvers-sur-Oise, na França, a 1,5 km da Ravoux, pousada onde se hospedara e à qual voltou ferido. A versão consagrada é a de que ele disparou no próprio abdome em um campo de trigo, a 6,5 km de Ravoux. No entanto, os médicos concluíram que a bala entrou por um ângulo oblíquo, sem fazer uma trajetória direta como se esperaria de um suicídio. E o disparo teria ocorrido a certa distância do corpo.

Van Gogh: The Life é um trabalho de dez anos, baseado em mais de mil cartas do pintor. As mais de 28 mil notas explicativas estão no site vangoghbiography.com



http://zerohora.clicrbs.com.br 

sexta-feira, 16 de março de 2012

'Incal', obra clássica de Moebius, chega às livrarias

A editora Devir lançou na semana passada - coincidentemente dias antes do anúncio do falecimento do ilustrador, aos 73 anos, de doença não revelada - um livro de 308 páginas com a saga completa de "Incal", feita por Moebius em parceria com o chileno Alejandro Jodorowsky.Os quadrinhos de "Incal" desenvolvidos pela dupla foram lançados entre os anos de 1981 e 1989. A história mostrava como a vida de John Difool, um detetive particular meio canastrão, tinha sua rotina alterada após encontrar um artefato misterioso chamado Incal. Como pano de fundo, eles desenvolveram um universo futurista e corrupto.

Foi nesse contexto fantástico, em que a imaginação de autores e ilustradores poderia fazer que qualquer ideia, por mais insana que fosse, se tornasse realidade, que "Incal" nasceu. O texto era de responsabilidade de Jodorowsky, um chileno que hoje está com 83 anos e tem uma carreira respeitada no cinema, no teatro, na literatura, nos quadrinhos e em estudos místicos - certamente essas áreas devem ter alguma relação que só Jodorowsky compreende.

O traço, por sua vez, ficava a cargo de Moebius. Depois, o autor chileno ainda chegou a escreveu histórias sobre o que acontecera antes de Difool encontrar o Incal e também algumas continuações, ilustradas por outros artistas.


quinta-feira, 15 de março de 2012

Tradicional Enciclopédia Britannica abandona versão impressa

Depois de 244 anos, a Enciclopédia Britannica não vai mais ser vendida em formato de livro. A empresa que edita a tradicional publicação anunciou nesta terça-feira que desistiu da versão impressa.

Pressionada pela disseminação das informações gratuitas na internet — e principalmente pelo sucesso da Wikipédia — a Britannica deve manter uma versão online dos verbetes, mas a empresa vai ser concentrar em produtos voltados para a área educacional, conforme executivos.

— O fim da edição impressa estava previsto há muito tempo — disse o presidente da Britannica, Jorge Cauz, em entrevista na sede da empresa, em Chicago, nos EUA. — Ao concentrarmos nossos esforços nos meios digitais, podemos expandir ainda mais o número de tópicos e a profundidade com que são tratados, sem as limitações de espaço da edição impressa.

Em um texto publicado no site da Britannica, o principal editor da enciclopédia, Dale Hoiberg, defendeu que a publicação online é vantajosa porque possibilita revisão e atualização permanente. Além disso, lembrou Hoiberg, a internet permite a utilização de vídeos e áudios.

A primeira edição da Britannica foi publicada na Escócia, em 1768. Em 1990, a tiragem chegou a 120 mil conjuntos — cada uma com 32 livros. Até 1996, o número diminuiu três vezes, para 40 mil exemplares.


Brasil terá 50 autores na Feira do Livro de Bogotá

O Brasil será o convidado de honra da 25 edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá, em abril, com a presença de 50 escritores, músicos e outros artistas brasileiros, destacaram nesta terça-feira os organizadores do evento.

Entre os dias 18 de abril e 1º de maio, a participação do Brasil na Feira incluirá concertos, teatro, dança e cinema, nas ruas de Bogotá e no pavilhão de 3 mil metros quadrados que abriga a Feira.

Dos 50 convidados, 10 serão autores e ilustradores de livros infantis. O Brasil já é a sexta economia do mundo mas "falta demonstrar que também é uma potência cultural, e começará em Bogotá um ciclo de apresentações internacionais", disse o presidente da Câmara Colombiana do Livro, Enrique González.

Em 2013, o Brasil será o convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt, a mais importante do mundo.

Em Bogotá, o Brasil apresentará autores de várias gerações, como as novelistas Nélida Piñón (74 anos), prêmio Príncipe das Astúrias de 2005, e Adriana Lisboa (41 anos). Foram confirmados ainda Lêdo Ivo, Marina Colasanti, Eric Nepomuceno, Roger Mello, Rodrigo Lacerda, Adriana Lisboa e João Paulo Cuenca. O restante do grupo deve ser anunciado nos próximos dias.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, é esperada para a inauguração da Feira, segundo seus organizadores.



quarta-feira, 14 de março de 2012

Site de J.K. Rowling sobre Harry Potter entra no ar em abril

A tão esperada página de internet de J.K. Rowling sobre tudo relacionado a Harry Potter vai entrar no ar no início de abril.

Pottermore, como foi chamado o site, foi anunciado no ano passado e seu lançamento foi programado para outubro, mas um comunicado publicado no endereço www.pottermore.com esta semana diz que o período de testes foi prolongado depois de receber os comentários dos primeiros usuários que deixaram claro que a "plataforma original não iria funcionar, quando milhões de usuários acessassem o site''.

A ideia original era oferecer edições digitais dos sete livros de Harry Potter, mas o porta-voz de Rowling, Mark Hutchinson, disse na última quinta-feira que as vendas de livros digitais ainda não foram confirmadas. Durante anos, Rowling tem resistido a publicar seus trabalhos nesse formato.



Nova biografia de Dave Grohl chega ao Brasil em abril

O ex-baterista da banda Nirvana e atual vocalista e guitarrista do Foo Fighters Dave Grohl está ganhando uma nova biografia não autorizada, escrita pelo jornalista de música Paul Brannigan. As informações são do site Omelete.

This is a call: A vida e a música de Dave Grohl chega ao Brasil em abril pela editora LeYa, e conta a história do músico desde os tempos no Nirvana até o Foo Fighters, passando por sua participação no Queens of the Stone Age e Them Crooked Vultures.

Dez anos de entrevistas exclusivas com Dave é que serviram de base para o livro. Além disso, também foram utilizadas conversas com artistas como Josh Homme, o produtor Butch Vig, Ian MacKaye (de bandas punk como Minor Threat e Fugazi), entre outros. This is a call fala sobre Kurt Cobain, as brigas que quase acabaram com o Nirvana, as dificuldades do Foo Fighters e a época em que Grohl cogitou deixar a música.

O preço deve ser de R$ 39,90. Dave Grohl vem ao país com o Foo Fighters para se apresentar no Lollapalooza Brasil, que acontece nos dias 7 e 8 de abril, no Jockey Club, em São Paulo.







http://zerohora.clicrbs.com.br 

terça-feira, 13 de março de 2012

Editora lança livro para estimular raciocínio através do esporte

Raciocínio rápido é uma qualidade encontrada nos principais esportistas do mundo. Aproveitando a temática, a editora Coquetel lançou o livro Esporte para o cérebro, uma compilação de cem desafios e quebra-cabeças usando o esporte como pano de fundo.

O livro está dividido nas seções de atletismo, ginástica, esporte com bola, em equipe e geral, aquáticos e de inversno. Além dos exercícios, a obra traz também curiosidades sobre as modalidades e dados históricos para entreter o leitor.

Esporte para o cérebro faz parte de uma coleção nova da editora que focará os chamados jogos inteligentes. O preço sugerido é de R$ 14,90.




Festival vai ter mais de 100 filmes

A coordenação do 1º Festival Nacional de Cinema do IF Fluminense divulgou o número de inscritos. O evento vai acontecer de 16 a 20 de abril, em Campos.


O poeta Artur Gomes coordena o festival. (Foto: Leandro Vicente)


A Mostra Competitiva teve 55 inscritos e a não competitiva outras 48 criações. A Mostra Competitiva recebeu filmes da categoria estudante vindos dos câmpus Campos-Centro, Macaé, Itaperuna e do núcleo avançado de São João da Barra. Estudantes de instituições de outros estados, como os da Universidade Federal de São Carlos (SP) e do Centro Educacional Leste de Brasília, também participam.

Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Maranhão e Natal estão entre os demais estados brasileiros a terem integrantes na categoria estudante. Na categoria não estudantes, da mostra competitiva, há concorrentes de Niterói, Santos, Brasília e outras cidades brasileiras.

Na Mostra Curta IFF há produções da Oficina Cine Vídeo e finalizadas no Laboratório de Cinema, instalado no câmpus Centro. Uma outra categoria é a dos filmes inscritos na Mostra Cinema Possível. Os atores Mauro Mendonça, Rosa Maria Murtinho e Nina de Pádua integram o elenco de filmes da Mostra Competitiva.

A comissão julgadora é formada pelo coordenador do Festival, o poeta e videomaker Artur Gomes, pelas professoras Ednalda Almeida e Maria Amélia e pelos repórteres fotográficos Diomarcelo Pessanha e Welliton Rangel.

Seleção de professores de português

 O Escritório de Cooperação Internacional do IFF informa que o Centro Cultural Brasil-Haiti precisa de dois professores de língua portuguesa, com graduação em letras.
 
Os interessados deverão encaminhar seus CV's para daniel.guimaraes@itamaraty.gov.br.   Noções de francês serão um diferencial.
 
O objetivo é dar aulas de língua portuguesa para jovens entre 15 e 30 anos, seguindo um método padrão de ensino adotado pelo Itamaraty em seus Centros Culturais. A remuneração é de US$ 2.200, mais moradia e transporte no Haiti.
 
Serão aproximadamente 20 horas aula por semana e o restante do tempo é destinado ao planejamento/preparação de aulas e/ou eventos culturais. Além disso, há funcionários locais no CCBH para ajudar com as tarefas diárias e biblioteca e equipamento audiovisual no local.

 Em função da demanda, está prevista a formação de cinco turmas de 30 alunos. As aulas acontecem no CCBH, que possui três salas de aula bem equipadas, localizadas em Pétion-Ville, área mais segura de Porto Príncipe onde se concentram as Embaixadas.

 A contratação não cobre passagens aéreas de ida e volta nem plano de saúde; contudo, em função da presença das tropas brasileiras no país, os integrantes da Embaixada e do CCBH têm atendimento imediato e gratuito pelo serviço médico militar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez, ganha edição digital

Cem Anos de Solidão, obra-prima do escritor colombiano Gabriel García Márquez, será disponibilizado em formato digital pela primeira vez nesta terça-feira, afirmou a editora Random House Mondadori.

O lançamento do romance neste formato coincide com o 85º aniversário do escritor, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982.

A editora disse em um comunicado nesta segunda-feira que o e-book estará disponível em diferentes plataformas e bibliotecas digitais na Europa, EUA e América Latina, em sua língua original, espanhol.

A publicação é uma iniciativa conjunta da Random House e da empresa espanhola Leer-e, dedicada à distribuição de conteúdo para leitura digital. No site da empresa está um anúncio de parabéns para "O Gabo".

O preço da obra digital na Espanha é de 5,99 euros (US$ 8). Além de Cem Anos de Solidão, estão disponíveis outros três textos de García Márquez: Viver para Contar, Todos los Cuentos e Relato de um Náufrago.

Cem Anos de Solidão foi publicado pela primeira vez em 1967 pela Editorial Sudamericana de Buenos Aires. Desde então, foi traduzido para 35 idiomas e vendeu mais de 20 milhões de cópias.

Várias das obras de Gabo foram adaptadas para o cinema, incluindo Ninguém Escreve ao Coronel e O Amor nos Tempos do Cólera.


terça-feira, 6 de março de 2012

Convite de Lançamento de Livro - LIVRO EXALTA A OBRA DE RAUL BARROZO


Feira de Livros no Shopping Grande Rio

O Shopping Grande Rio promove, até o dia 10 de abril, a Feira de Livros Ciranda Cultural, com mais de quatro mil títulos à venda, incluindo todos os gêneros literários. Pensando na volta às aulas, o evento oferece diversos descontos, que podem ajudar a aliviar o bolso do consumidor.

Lá, pode ser encontrado o “Kit Dicionário Escolar”, que é composto por três dicionários: português, inglês e espanhol, além de dois atlas, um do corpo humano e o outro geográfico. O kit na promoção sai por R$12.

SERVIÇO

Feira de Livros Ciranda Cultural, no Shopping Grande Rio

Data: até 10/04

Horário: De segunda a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 12h às 21h.

Local: Praça de Eventos, em frente à C&A

Entrada: Gratuita

Endereço: O Shopping Grande Rio fica na Rodovia Presidente Dutra, 4.200 – São João de Meriti. Tel.: 2430-5111.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Lista de Livros Mais Vendidos:


Só as mães são felizes?


Mais de 1 milhão de cópias de Por Favor, Cuide da Mamãe já foram vendidas na Coreia do Sul. O livro, que também foi publicado em duas dezenas de países, está dividido em quatro capítulos e um epílogo, e a maior parte do texto está escrito na segunda pessoa, como se a mãe desaparecida fosse a voz que reaviva dolorosas lembranças ou momentos em que bastaria ter tido uma atitude diferente: “Você se dá conta de que nunca ofereceu à esposa nem um copo de água morna quando ela passara dias sem conseguir segurar a comida no estômago por causa de uma indisposição severa.” Não chega a ser um enredo dramático, mas é bastante lastimoso, cheio de culpa e ressentimentos. O livro leva o leitor ainda a conhecer algumas características culturais da Coreia do Sul, marcada por tradições, mas também por aspectos extremamente modernos. Num país onde há liberdade religiosa, Park So-nyo seguia à risca os rituais ancestrais, contribuía com um templo budista e frequentava a Igreja Católica.

Não deixa de ser interessante comparar a história dessa mãe oriental que abdica de sua própria vida – ainda que guarde alguns segredos íntimos – com a “mãe tigre” de origem chinesa Amy Chua, autora de outro best-seller, Grito de Guerra da Mãe-Tigre” (também lançado pela Intrínseca). Este não é um livro de ficção, mas uma espécie de receituário de como criar os filhos para enfrentar as dificuldades do mundo. Em vez de deixar de comer, como faz Park So-nyo para alimentar o filho preferido que ela quer que estude e se torne um homem de sucesso, Amy Chua apregoa que os filhos não devem ser protegidos das aflições e desconfortos cotidianos. Nem todas as mães orientais são iguais, como o Ocidente muitas vezes faz supor. A crítica americana Maurren Corrigan, da Universidade de Georgetown, não gostou dessa mãe sul-coreana. Para ela, o texto é complemante alheio à “cultura terapêutica” americana ao passar a mensagem de que, se a mãe é completamente infeliz, a culpa é do marido e dos filhos ingratos. “Como uma leitora americana — doutrinada nas resolutas mensagens sobre “limites” e “tomadas de responsabilidade” –, fiquei esperando por ironia, um toque cômico na trama. Esperei até o final do livro, quando entendi que essa era uma ‘soap opera’ (novela) coreana travestida em ficção literária séria”, disse.

Em entrevista a uma TV portuguesa, a autora Kyung-Sook Shin contou como surgiu a ideia do texto. “Escrevi este livro porque, quando tinha 16 anos, fui com a minha mãe de trem para Seul. Durante a viagem, olhei para a minha mãe e ela estava com um ar muito solitário. E então prometi-lhe que um dia escreveria um livro dedicado a ela”. Talvez a intenção da autora fosse apenas dizer “olhe para sua mãe”. O tom muitas vezes acusatório na segunda pessoa pode ter sido o modo que ela encontrou para dizer que não é justo que — em maior ou menor grau, que varia de acordo com a cultura ou a condição financeira das mães –, as mulheres sejam as responsáveis por todo o andamento de uma casa e a criação dos filhos. O que é certo é que, apesar desse moralismo enrustido, ou justamente por causa dele, ao final da texto o leitor vai querer dizer pelo menos um “oi” para a sua mãe.



Prêmio Portugal Telecom tem categorias reformuladas e aumento do prêmio


O Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa comemora 10 anos em 2012 e reformulou o seu regulamento, passando a premiar três categorias: Romance, Poesia e Conto/Crônica. 

A avaliação dos livros concorrentes por categorias promove a diversidade dos gêneros literários, valoriza suas características singulares e amplia a visão comum a respeito da literatura lusófona. Nem por isso deixa de distinguir um grande vencedor, com a escolha, simultânea e entre os três ganhadores, do Grande Prêmio de 2012.

O valor distribuído em prêmios também aumentou passando do total de R$ 150 mil para R$ 200 mil, dividido da seguinte forma:

Premiação

Prêmio Portugal Telecom Romance = R$ 50 mil

Prêmio Portugal Telecom Poesia = R$ 50 mil

Prêmio Portugal Telecom Conto ou Crônica = R$ 50 mil

Grande Prêmio Portugal Telecom 2012 = + R$ 50 mil

As inscrições começaram dia 3, e terminam no dia 25 de março. Podem ser feitas no site do prêmio.

Editores e/ou escritores poderão inscrever livros brasileiros com primeira edição no Brasil entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2011. Os livros de outros países lusófonos devem ter a 1ª edição publicada no país de origem entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2011 e terem sido publicados no Brasil em 2011.

Para se inscrever editores e/ou escritores devem preencher todos os campos da ficha de inscrição que se encontra no site e enviar quatro exemplares do(s) livro(s) inscrito(s) para Portugal Telecom Brasil. A inscrição só se completa com o recebimento dos quatro exemplares. O endereço é:

Portugal Telecom Brasil: Rua Cubatão, nº 320, 4º andar, CEP 04013-001, Cidade de São Paulo - Estado de São Paulo.

Livro de Moacyr Scliar é finalista de prêmio nos EUA


A tradução feita pelo americano Thomas O. Beebee para o livro Os Leopardos de Kafka, lançado por Moacyr Scliar em 2000, é finalista da 5ª edição do Best Translated Book Award. As informações são do jornal O Estado de São Paulo. 

Os Leopardos de Kafka foi publicado como parte da coleção Literatura ou Morte, série encomendada pela Companhia das Letras a grandes escritores, pedindo que cada um imaginasse um romance policial protagonizado por um escritor famoso. Fazem parte da mesma série obras como Borges e Os Orangotangos Eternos, de Luis Fernando Verissimo; O Doente Moliére, de Rubem Fonseca e Bilac Vê Estrelas de Ruy Castro.

A tradução de Os Leopardos de Kafka foi publicada nos Estados Unidos em 2011 pela Texas Tech University Press. Na trama do romance, pontuada pelo humor absurdo e pela revisitação do passado que são características da obra de Scliar, um jovem revolucionário russo, no início do século XX, é enviado por Trotski para encontrar um agente russo em Praga. Mas, atrapalhado, o revolucionário confunde seu contato com o escritor Franz Kafka – que, por sua vez, entrega ao jovem um texto para publicação, pensando que ele é um colaborador de uma revista literária.

O escritor gaúcho, que morreu em 2011, foi apresentado como "clássico" no anúncio dos livros que seguem na disputa. A promoção é do Three Percent, órgão da Universidade de Rochester, e o patrocínio, da Amazon.

Os Leopardos de Kafka, um dos mais de 70 livros lançados pelo autor, ainda tem edição em circulação no Brasil pela mesma Companhia das Letras.







http://zerohora.clicrbs.com.br

Romance de estreia de Georges Perec é lançado no Brasil

"Uma História dos Anos Sessenta" , que está sendo lançado agora no Brasil pela Companhia das Letras, é seu livro de estreia. Publicado em 1965, é anterior ao OuLiPo, mas nele já se percebe a característica de Perec de fazer listas, classificar e organizar no espaço os objetos que descreve. 

Sylvie e Jérôme, casal na faixa dos 20 anos, trabalham na iniciante e promissora indústria publicitária como analistas motivacionais, entrevistando pessoas para definir estratégias que serão usadas pelas agências de propaganda. Vivem em Paris no início dos 1960, a França colonialista está em crise, há guerra na Argélia, há guerra na Indochina e o gaulismo está ascendendo ao poder. Adoram cinema, fazem longos passeios por chiques avenidas de Paris, onde admiram as vitrines das lojas e antiquários, bebem com os amigos e comem pratos baratos em restaurantes caros.

Toda a sua alegria de viver repousa sobre um ideal de riqueza que parece ter sido adquirido na leitura atenta das matérias e anúncios da revista L'Express. Tudo o que pensam, todas as ações e decisões são tomadas em função do que deveriam possuir. Amavam mais o ter do que o ser.

A história é narrada na terceira pessoa, não há diálogos ou qualquer reprodução direta da voz dos personagens. Desde o início, o texto deixa de fora o erotismo, o desejo sexual e a aparência do corpo, para substituí-los pela descrição pormenorizada, cinematográfica e objetiva das coisas: "Descobriram as lãs, as blusas de seda, as camisas de Doucet, as gravatas de voile, os lenços de seda, o tweed, o lambswool, o cashmere, a vicunha, o couro e o jérsei, o linho e, enfim, a magistral hierarquia dos sapatos, que leva dos Church aos Weston, dos Weston aos Bunting, e dos Bunting aos Lobb".

É só através de seu desejo por obtê-las que conhecemos os personagens.

A inquietante e assustadora semelhança com os dias atuais torna a leitura de As Coisas quase inevitável.



sexta-feira, 2 de março de 2012

Revista Vértices comemora 15 anos

A Revista Vértices comemora 15 anos de existência e para que todos possam conhecer um pouco de seu sucesso e suas publicações, postaremos toda semana um artigo de uma de suas edições. Esta semana postaremos um dos artigos da Revista Vértices 12 número 1, publicada em 2010.


Artigo: Nove Noites: o labirinto de vozes
Nine nights: the labyrinth of voices


Rodrigo Corrêa Martins Machado*
Rosana Aparecida de Paula**
                                       Simone Cristina Mendonça de Souza***                     



O romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, foi publicado em 2002 e já alcançou consagração. Nesta obra, Carvalho emaranha realidade (História) e ficção, bem como trabalha com um jogo de múltiplas vozes na construção do discurso. O romance abre margens para a crítica literária em dois sentidos distintos, mas que, ao mesmo tempo, se complementam: o estudo da relação entre ficção e história e também sobre a polifonia, conceito definido e teorizado por Mikhail Bakhtin. Por acreditarmos na complementaridade das duas linhas de análise crítica, esse trabalho pretende fazer um estudo sob as duas linhas de análise citadas.

Palavras- chave: Bernardo Carvalho. Nove Noites. Literatura e História. Polifonia.


The novel Nine Nights by Bernardo Carvalho, was published in 2002 and has been wide acclaimed In this book, Carvalho entangled reality (history) and fiction, and works with a set of multiple voices in the construction of discourse. The novel is open for literary criticism in two different senses which, at the same time, complement each other: the study of the relationship between fiction and history, and polyphony, a concept defined and theorized by Mikhail Bakhtin. Because we believe in the complementarity of these two lines of critical analysis, this paper intends to do a study under these two perspectives of analysis.

Key-words: Bernardo Carvalho.
Nine Nights. Literature and History. Polyphony.


 1 Nove noites: (há?) limites entre verdade e ficção

A história, a ficção e a intertextualidade são elementos constitutivos de um novo paradigma literário no mundo moderno, chamado, por Linda Hutcheon (1991), metaficção historiográfica.  Esta nasce da junção da literatura e da história, por parte dos romancistas. Ela consiste no ato de um autor, através de seu romance, repensar o fato histórico e buscar um novo sentido à história anteriormente conhecida. Não raras vezes iremos nos deparar na contemporaneidade, com o diálogo entre história, jornalismo e ficção.
A história é considerada como dentro de uma categoria de escrita classificada por Hayden White (1994) como “escrita discursiva” e é recorrente a presença do elemento ficcional. Os historiadores, ao fazerem suas pesquisas, não lidam com fatos completos e sim com fragmentos. Para juntar esses fragmentos a fim de formar um todo significativo, eles têm de “inventar” parte dos fatos.  Hayden White afirma que:

O modo como um a determinada situação histórica deve ser configurada depende da sutileza com que o historiador harmoniza a estrutura específica de enredo com o conjunto de acontecimentos históricos aos quais deseja conferir um sentido particular.Trata-se essencialmente de uma operação literária, vale dizer, criadora de ficção.(WHITE, 1994c, p.102).

Sabemos que o historiador e o escritor têm em seus textos várias possibilidades diferentes de interpretá-los. Enquanto o escritor muitas vezes nos aponta essas várias direções, o historiador se liberta de algumas possibilidades visionais e foca somente em uma, naquela em que ele mais identifica seus valores, que julga ser a verdadeira; podemos notar que o discurso histórico nada mais é que um discurso figurativo moldado por seus estudiosos.
A ligação entre o histórico e o ficcional deve ser vista como precursora de uma das possibilidades de se ampliar o âmbito e o valor da ficção. Só enriquece a História e a ficção, na medida em que faz com que a memória humana e a forma artística se unam, alimentando “os sistemas de significação da nossa cultura”. (HUTCHEON, 1991, p.176).
A metaficção historiográfica nada mais é que a junção de três elementos: história, ficção e intertextualidade, a fim de criar uma nova forma artística que questione valores, pense por si própria e que não busque uma verdade, mas mostre todas as outras que poderiam existir.
Muitos escritores estão se ingressando na escrita de metaficções historiográficas. Eles utilizam fatos, os remodelam para construir uma nova história e até mesmo “um mundo novo”; utilizam os fatos narrados pelos historiadores e fazem exatamente o que os historiadores fizeram um dia, mas ao invés de preencher as lacunas existentes entre um documento e outro, eles reinventam a História, a fim de que se adequem a seus pensamentos, as histórias que julgam mais condizentes com a verdade.
O autor, muitas vezes, como é o caso de José Saramago em Memorial do Convento, reinventa a História, a fim de que os oprimidos, antes esquecidos pela historiografia de seu país, ganhem voz no discurso e histórico e recebam as honras de quem, realmente, trabalhou para a construção de um país.
Essa metaficção historiográfica não questiona somente os valores historiográficos, ela questiona e critica os valores da sociedade tanto de ontem como de hoje. Os escritores “investem na escrita de uma história transfigurada com vestes ficcionais”. Para tanto, resgatam acontecimentos do passado e fazem com que os leitores repensem tais fatos e possam também de maneira crítica reinterpretá-los de acordo com sua própria ótica (ROANI, 2006, p.36).
É nessa linha da metaficção historiográfica que Bernardo Carvalho escreve seu romance. A leitura de Nove Noites costuma despertar nos leitores, como primeira impressão, o questionamento acerca do que é ficção e o que é realmente “verdade” nesse romance.
Plausível questionamento, uma vez que a narrativa se fundamenta em um acontecimento verídico, a morte do antropólogo norte-americano Buell Quain – que viveu entre os índios Krahô, no Tocantins, e se matou em 1939 – mas que se entrelaça a fatos e personagens fictícios. É a partir desse fato que o enredo se desenvolve, somando as intervenções de um fictício amigo de Buell, com quem ele teria conversado nove noites antes de seu suicídio, que era um jornalista interessado em escrever um romance sobre a história do suicídio de Quain.
Não há, dessa forma, um único narrador; há, de um lado, um morador de uma cidade onde Buell Quain frequentava – por ser a mais próxima da aldeia onde estava - e que, aos poucos, se aproxima dele e torna-se seu confidente durante nove noites. Intercaladas aos relatos desse morador, emergem as narrativas de um homem que afirma ter pesquisado a vida do antropólogo com o intuito de escrever um livro sobre a morte desse.
O primeiro capítulo do livro é uma exortação do “amigo” de Buell a quem futuramente vier a pesquisar a morte do antropólogo:

Quando vier à procura do que o passado enterrou, é preciso saber que estará às portas de uma terra em que a memória não pode ser exumada, pois o segredo, sendo o único bem que se leva para o túmulo, é também a única herança que se deixa aos que ficam, como você e eu, à espera de um sentido, nem que seja pela suposição do mistério, para acabar morrendo de curiosidade. Passei anos à sua espera, seja você quem for, contando apenas com o que eu sabia e mais ninguém, mas já não posso contar com a sorte e deixar desaparecer comigo o que confiei à memória [...] Amanhã pego a bolsa de volta para Carolina. Mas antes deixo este testamento para quando você vier e deparar com a incerteza mais absoluta (CARVALHO, 2008, p.11).

No capítulo seguinte, a voz é a do jornalista que narra a descoberta da história de Buell Quain e a forma pela qual se interessou em escrever o romance:

Ninguém nunca me perguntou. E por isso também nunca precisei responder. Não posso dizer que nunca tivesse ouvido falar nele, mas a verdade é que não fazia a menor idéia de quem ele era até ler o nome de Buell Quain pela primeira vez num artigo de jornal (...)quase sessenta e dois anos depois de sua morte às vésperas da  2ª Guerra. (...) O artigo tratava das cartas de outro antropólogo, que também havia morrido entre os índios do Brasil (...) e citava de passagem, em uma única frase, por analogia, o caso de Buell Quain, que se suicidou entre os índios Krahô, em agosto de 1939 (CARVALHO, 2008, p.13).

A partir daí, o jornalista se envolverá com várias pessoas que conviveram com o antropólogo. A primeira que procura é a antropóloga Mariza Corrêa, que havia escrito o artigo que lera. É a antropóloga que dá ao jornalista ideias, ainda que vagas, de quem ele possa procurar.
Descobre que Buell viera para o Brasil sob orientação de Franz Boas, diretor do departamento de antropologia de Columbia, interessado na riqueza etnológica brasileira. Aqui no Brasil, passou a ser orientado pela pesquisadora Heloísa Alberto Torres. Descobre também que Buell Quain viera com intuito inicial de estudar a vida dos índios Karajá, mas ao tomar consciência de que os Trumai estavam em vias de extinção, decide pesquisá-los.
As pessoas com as quais Buell tinha mantido contato, e que o jornalista usa como fonte de investigação, apresentam fatos diversos e, por vezes, contraditórios. O trabalho do jornalista é dificultado pelo fato de o antropólogo ter deixado cartas aos seus conhecidos, com opiniões contraditórias. Em algumas, descrevia o Brasil como uma terra de maus hábitos e de gente rude; já em outras, trata a gente que conheceu aqui como civilizada e pacata.
As contradições serão muitas, na pesquisa do jornalista, como já havia exposto o “amigo” de Quain, sobre as várias versões que a história assumiu. O certo é que entre os relatos, fica evidente o tom melancólico e solitário de Quain. O antropólogo era homem de poucos amigos e conversas, com frequentes pensamentos ligados à morte:

O importante ele me disse ainda na primeira noite em Carolina, sem que eu pudesse entender do que realmente falava, ' é que os Trumai vêm na morte uma saída e uma libertação dos seus temores e sofrimentos'. [...] Agora, quando penso nas suas palavras cheias de entusiasmo e tristeza , me parece que ele tinha encontrado um povo cuja cultura era a representação coletiva do desespero que ele próprio vivia como um traço de personalidade (CARVALHO, 2008, p.51).

O jornalista renova suas esperanças investigativas ao conhecer um casal de antropólogos, que conheciam um dos índios da época em que Buell havia cometido o suicídio. Por esse motivo, decide ir à aldeia dos Krahô, para conversar com esse índio. Mais uma vez, não descobre nada de relevante.
Em meio a tantas pistas falsas e sem sentido, no momento em que o pai do jornalista está no hospital, ele acaba presenciando a morte de um americano, que lhe diz as últimas palavras como se ele, o jornalista, fosse o Buell.
Por causa desse momento que, ao ler o nome de Buell Quain, no artigo, o jornalista se lembra dessa pronúncia “Bill Cohen!” e faz uma descoberta: aquele homem que havia morrido perto dele no hospital era o fotógrafo que havia se tornado amigo de Buell Quain.
Na esperança de que a família desse fotógrafo pudesse ajudá-lo, vai ao asilo onde ele havia passado seus últimos anos de vida e consegue o endereço do filho do fotógrafo. Ao chegar aos Estados Unidos, o jornalista, disfarçado de empregado de uma companhia de transportes, consegue entrar na casa do filho do fotógrafo e lá descobre que aquele homem não era filho legítimo; fato descoberto quando o fotógrafo estava no Brasil. Mas até mesmo esse fato da paternidade é colocado em questão, o que comprova a citação a seguir: “Não são só os índios que dizem o que você quer ouvir, achando que assim podem agradá-lo, como se não houvesse realidade.” (CARVALHO, 2008, p.147).
Fica subentendido que a história da falsa paternidade é uma desculpa, uma mentira inventada pelo homem, para se desvincular de qualquer responsabilidade. Assim como os índios, então, entre os familiares do fotógrafo não se poderia esperar verdades.
As dúvidas persistem, e os detalhes insistem em confundir o leitor, uma vez que o jornalista chega a afirmar que aquele homem se parecia muito com Buell Quain. Os fatos se misturam, se confundem e a explicação que fica é a que o jornalista dá quando chega nos Estados Unidos: “A ficção começou no dia em que botei os pés nos Estados Unidos.”(CARVALHO, 2008, p. 142)
A morte de Buell Quain é desvendada? Não. Fica o mistério que a envolveu e a “contribuição” temática que deu para a composição do romance que busca a todo momento fatos para o compor.
O jornalista encontra, ao voltar de avião para o Brasil, um rapaz “de cabelos cacheados, olhar simpático, embora fosse feio”, que vinha ao seu lado,  e dizia vir ao Brasil estudar os índios. Instigador? Mais um motivo de reflexão? Poderia até ser, mas o jornalista já está convencido de que a verdade não é fácil de ser encontrada, a ficção já é o caminho pelo qual se engendrará.

Nessa hora, me lembrei sem mais nem menos de ter visto uma vez, num desses programas de televisão sobre as antigas civilizações, que os Nazca do deserto dom Peru cortavam as línguas dos mortos e as amarravam num saquinho para que nunca mais atormentassem os vivos (CARVALHO, 2008, p.150).

Os limites entre verdade e ficção são tênues e o resultado de toda a pesquisa do jornalista não são fatores que nos levam a acreditar que a obra retrata a morte do antropólogo de forma verídica. Nas palavras de Bernardo Carvalho:

Esse é um livro de ficção, embora esteja baseado em fatos e pessoas reais. É uma combinação de memória e imaginação – como todo romance, em maior ou menor grau, de forma mais ou menos direta (CARVALHO, 2008, p.9).
           
O que é mais visível é a forma pela qual várias “verdades”, vários discursos se entrecruzam, de forma que não é possível desvendar o que é  real do que é ficção.
É interessante observar que o romance, na verdade, não narra a história do suicídio de Buell Quain, como podemos ser levados a pensar inicialmente, mas é um romance que fala da busca de fatos para a composição de um romance.  É metalinguístico? Sim. Trata-se de um romance que fala sobre o processo de criação de um romance e as implicações entre realidade e ficção. No fim, um questionamento sonda a mente do leitor: Faço literatura por que não consigo escrever a verdade das coisas e fatos? Existe a verdade? Essas perguntas são provocações que não têm resposta exata ou direta, assim como a morte de Buell Quain.

2. A polifonia em nove noites

Para Mikhail Bakhtin (1997), Dostoievski foi o criador de um novo gênero literário, o romance polifônico, cuja característica principal é o fato de que na obra do romancista as vozes do texto não se sujeitam a um narrador centralizante; elas se relacionam em condições de igualdade. Há a predominância do discurso do outro interiormente dialogado e refletido, com a alternância de várias vozes.
É o que ocorre em Nove Noites. A história central, ou seja, a descoberta dos motivos que levaram ao suicídio de Buell Quain, não é submetida a uma voz centralizadora; pelo contrário, várias vozes se entrecruzam na tentativa de desvendar a morte do antropólogo.
Há duas vozes principais, estruturadoras do romance – a do jornalista e a do  morador que se diz amigo de Buell –, e “subvozes”, que auxiliam na construção “ labiríntica” da narrativa, caracterizando a obra como um romance polifônico. A construção romanesca, neste caso, é desenvolvida através de duas partes paralelas, que se intercalam com o desenvolvimento do enredo: de um lado uma voz de uma pessoa – um homem que morava no interior do Brasil, onde Buell foi estudar tribos indígenas – que diz ter passado nove noites antes da morte de Buell Quain junto dele e que escreve uma carta destinada a alguém tentando esclarecer os fatos da morte do antropólogo; e de outro lado, temos um homem que lê sobre a morte do antropólogo americano em um jornal e se interessa em buscar desvendar o motivo que levou o jovem a se matar.
 No romance Nove Noites, a polifonia e a autonomia discursiva atribuídas às diferentes personagens criam uma dimensão democrática da estrutura do romance. Todas as personagens têm voz ativa e discutem entre si. Se levarmos em consideração a ideia que em todo discurso sempre temos um locutor e um interlocutor que buscam se influenciar, afim de que possam convencer um ao outro, podemos dizer que todo esse diálogo presente na obra, entre os personagens e também entre personagens e leitor, quer convencer-nos das diversas possibilidades pelas quais o jovem antropólogo se matou.
Por um lado, temos o amigo de Buell na sua carta, que tenta nos mostrar que ele morreu por um motivo; enquanto por outro lado, temos o jornalista que nas suas pesquisas achou outro motivo, distinto do amigo de Buell, que o levou a inferir que o jovem morreu por outra causa.
Às vezes confundimos a palavra dialógico com polifônico. Para Bakhtin, dialógico por principio define um traço constitutivo da linguagem, em todas suas realizações, e polifônico, como vimos, é o fato de várias personagens terem voz ativa no texto; nessa mistura acrescenta-se o traço positivo das duas, que contempla todas as manifestações de forma democrática; “a polifonia dostoievskiana passaria e ser a marca de toda a prosa romanesca”. Daí, surge a idéia de não acabamento, a recusa da última palavra. Seria o gesto de aceitar todas as vozes como equivalentes, que é o fato marcante, senão o mais importante de seu texto. Podemos aceitar, com equivalência, todas as vozes presentes em Nove Noites, e cada uma delas possui sua verdade e sua importância (TEZZA, 2008, p.2).
Observamos que, no romance dialógico de Dostoiévski, o autor não introduz diretamente a sua voz, seus pensamentos e suas ideologias, ele não mostra a sua cara (no texto), sim a metamorfoseia em várias vozes. Essas vozes discutem entre si, estabelecendo um discurso intenso em todo o seu texto. Também assim ocorre com o romance de Bernardo Carvalho, no qual o autor não se mostra de maneira direta sua voz no texto, ele dá liberdade a suas personagens a fim de que elas possam dialogar dentro do livro e para que, dessa maneira, cada uma possa mostrar a sua própria verdade.
De acordo com Bakhtin (1997), não há, no texto de Dostoiévski, bem como no de Bernardo Carvalho, a presença da ideia de que quem está do lado de fora do texto seria o dono da verdade. A prosa de ambos os romancistas, então, se nutre da inteira relação entre autor e herói; a renúncia da autoridade do autor passa a ser um pressuposto indispensável. A linguagem deles é uma linguagem relativizada, desprovida de autoridade, o papel do narrador é nos dizer como as coisas são relativas, como não podemos ter certeza de nada.  
A palavra de quem fala no romance de Dostoievski é construída à imagem do homem que fala na vida concreta, esse fundamenta o poder de sua palavra na palavra do outro, claro, que conservando parte de sua visão de mundo original; nenhuma das duas palavras pode sumir na enunciação, a prosa é feita exatamente da discussão aberta entre elas- todo o tempo- pela divergência de idéias.
 É exatamente o que ocorre na carta a qual o amigo do antropólogo escreve, já que para redigi-la, buscando explicar a causa que levou o rapaz a se suicidar, este amigo se fundamenta nas conversas que ele teve com Buell – nove noites antes da morte – e infere o provável motivo. Ele somente busca comprovar o que acredita com pequenas partes de diálogo que teve com o jovem antes deste se suicidar. Esta enunciação é feita pala junção dos dois discursos – o que Buell contou ao amigo e o que o amigo acha – e o tempo todo eles estão em constante discussão. 
Isso acontece também com o jornalista que, para criar a sua própria verdade, passa todo o livro discutindo com diferentes vozes que julga importante, juntando o que elas dizem ao que ele já sabia, até chegar a uma conclusão e a uma criação da sua própria verdade, sem deixar de lado todos aqueles processos discursivos pelos quais já havia se submetido e muito menos sem deixar de lado a visão que ele tinha previamente construída desta história.
Pelo fato de haver um discurso constante na obra romanesca carvaliana, tem-se a impressão de que o autor e suas personagens falam a mesma linguagem. O importante não é identificarmos somente a fala destas, mas sim estabelecer sobre qual ângulo esses discursos se opõem ou se confrontam na obra, e qual a importância de dois discursos paralelos na obra. Nela predomina um discurso com o discurso do outro interiormente dialogado e refletido, este é de grande importância na medida em que não ocorre esse diálogo sem um olhar para a opinião do outro. O autor coloca dois discursos paralelos em sua obra, para poder dar um maior dialogismo dessa em relação aos leitores que a receberão, na medida em que eles terão que discutir internamente, para assim poderem chegar a uma conclusão sobre a morte do antropólogo. Ou autor deixa seus leitores livres para que possam construir, assim como o jornalista da obra, a partir dos dados oferecidos no livro, um possível desfecho que leve às causas do suicídio de Buell.
Em alguns pontos do romance carvaliano, há a narração da vida de Buell desde quando foi realizar seu estudo com os índios. Em algumas partes, podemos perceber que o pesquisador sempre buscou certa distância em relação a seu objeto de estudo, para viver uma “falsa” independência, já que, segundo Mikhail Bakhtin (1997), mesmo quando existe um afastamento, por parte do herói, de todas as pessoas que conhece, da sociedade, para viver sozinho e isolado, ele não consegue gozar desta sua falsa independência, pelo fato de que  começa a desenvolver um diálogo interno, consigo mesmo, convencendo-se, acalmando-se e representando o outro em relação a si mesmo. Assim, ele acaba criando uma segunda voz com a qual dialoga. Essas vozes distintas atuam numa relação de força, com os dois sujeitos históricos que se confrontam, tomando formas diferentes diante desse discurso que travam. O diálogo é tão importante que, quando não há com quem dialogar, a personagem cria outra, mesmo que internamente, para que possa discutir; ou seja, ”o diálogo permite que ele substitua com sua própria voz a voz de outra pessoa”. (BAKHTIN, 1997, p.214)
Quando Buell tenta fugir de toda essa solidão, ele busca conversar consigo mesmo e com os amigos, porém com estes, nas poucas vezes que vimos diálogo, foi através de cartas.
Esse dialogismo interior significa que, com o uso da linguagem concreta, viva, no evento do ser, haverá pelo menos dois pontos de vista distintos para entrar em ação, criando uma discussão. Isso nada mais é que o equilíbrio que o autor busca para suas personagens. Ele não quer mostrar que uma ou outra estão certas, mas sim contrapor suas ideias para que possam discuti-las, havendo outra opinião para ajudar o herói com seus medos e problemas.
 Da mesma forma que Bakhtin observa o dialogismo interior na obra romanesca de Dostoievski, podemos ver que em Nove Noites também há casos em que o herói, em seu discurso, tem um extremo diálogo interior, apelando para tudo o que pensa e fala, inclusive objetos que o cercam. Para ele, pensar no objeto seria apelar para ele. Ele apela para esse objeto porque sabe- mesmo intuitivamente- que sobre cada enunciação da linguagem concreta, além de seu dialogismo intrínseco, constituidor do sujeito, incidem outras linguagens, numa rede que engloba não só os interlocutores, mas também os objetos, objetos estes que se apresentam saturados de linguagem e valor. O próprio apego às palavras, ao ato de escrever cartas e de anotar tudo o que vivia e passava com os índios era uma forma de apelo, o jovem antropólogo buscava ajuda, até o momento que não mais suportando algo que o angustiava, que ele temia, suicidou-se.
As diferentes vozes presentes no livro não têm autoridade própria, não são totalmente autônomas. Em cada palavra, pronunciada por uma há interferência das outras, não se verifica um diálogo de consciências independentes. A palavra do outro influencia diretamente o estilo da novela, não há um discurso monológico e sim um discurso feito sob a tensão dialógica em toda a obra (BAKHTIN, 1997).
Em consequência desse fato, as duas vozes centralizadoras do romance carvaliano (a do fictício amigo de Buell e a do Jornalista) constroem seus discursos como réplica de todas as palavras, que ouviram dos outros e que os tocaram, reunidas por ambos de acordo com as experiências ouvidas e vividas. Cada pessoa com quem polemizam, desenvolve suas palavras com tons e acentos modificados – cada um tem uma maneira diferente de contar a trajetória de Buell Quain. Isso faz com que para os dois interessados na vida e morte do antropólogo americano, cada pessoa nada mais seja que um símbolo. Cada personagem entra nos discursos interiores como símbolo da resolução de seus problemas ideológicos, por isso cada uma o perturba e ganha papel em seu discurso interior. “Como resultado, seu discurso interior se desenvolve como um drama filosófico, onde as personagens são concepções de vida e mundo personificadas, realizadas no plano real” (BAKHTIN, 1997, p. 242).
Ao buscar a identidade, a verdade, nos dois discursos, seus “heróis” o fazem encontrando as diversas vozes, comparando-as, combinando-as, em busca de sua própria voz. As vozes presentes na obra são, muitas vezes, penetrantes e interferem segura e ativamente no discurso dos heróis para que possam ajudá-los a encontrar sua voz própria. Não podemos dizer que esse discurso penetrante é decisivo, pois os heróis principais também são marcados por um diálogo interior intranquilo e inconstante quanto o dos outros.
Em nenhum momento encontramos um discurso dominante, seja do autor ou das duas vozes centralizadoras do romance. Esse diálogo entre os elementos do texto é “um momento essencial da própria idéia do autor”. E para ocorrer a representação do homem interior, é necessário que mostre a comunicação dele com outro, pois somente na “interação do homem com o homem revela-se o “homem no homem” para outros e para si mesmo” (BAKHTIN, 1997, p. 256).
No romance de Bernardo Carvalho, “tudo se reduz ao diálogo, à contraposição dialógica enquanto centro. Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada termina e nada resolve. Duas vozes são o mínimo de vida, o mínimo de existência” e o romance carvaliano nos traz uma infinidade de vozes, que fazem com que seu texto seja considerado altamente dialógico (BAKHTIN, 1997, p. 257).
Os próprios princípios de construção do autor são os mesmos das personagens, com cruzamentos, concordâncias ou discordâncias no diálogo aberto e interior dos heróis, sempre com pensamentos, palavras, ideias que passam por diferentes vozes, “soando em cada uma de modo diferente”, o diálogo exterior é inseparável do diálogo interior e ambos não se separam do grande diálogo que é o romance (BAKHTIN, 1997, p. 271).

3 Conclusão

Fica claro, desse modo, que as múltiplas vozes que se manifestam no romance de Bernardo Carvalho representam uma espécie de democratização do discurso, que se assume como parcial, incompleto e passível de preenchimentos e questionamentos. Carvalho trabalha, dessa forma, na linha do romance contemporâneo, abrindo-se cada vez mais à relativização dos fatos e à ficcionalização destes. Recaímos, nesse ponto, inevitavelmente, nas fronteiras (imaginárias) entre realidade e ficção, tópico já abordado no presente estudo, uma vez que todo discurso se assume como incompleto e parcial.
Em síntese, as vozes que falam em Nove Noites, mais que narrar o suicídio de Buell Qauin, trazem como tema central a ficcionalização da vida – ou a sua tomada de consciência - na contemporaneidade, onde o fato e a História não podem mais ser resgatados, já que a ficção escreve as linhas da(s) nossa(s) história(s).

4 Referências

BAKHTIN, M. M. O discurso em Dostoievski. In: BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoievski. Tradução de Paulo Bezerra. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.

HUTCHEON, Linda. Metaficção historiográfica: “O passatempo do tempo passado”. In: Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

______. A intertextualidade, a paródia e os discursos da história. In: Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

ROANI, Gerson Luiz. Sob o crivo dos cravos: As portas abertas por Abril. In: Saramago e a escrita do tempo de Ricardo Reis. São Paulo: Scortecci, 2006.

TEZZA, Cristóvão. Mikhail Bakhtin e a autoridade poética. Disponível em: <http://pphp.uol.com.br/tropico/html/indice/3,2.shl>. Acesso em: 9 abr. 2008.

WHITHE, Hayden. O fardo da história. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: EDUSP, 1994.a

______. A interpretação na história. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.b

______. O texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.c

______. Historicismo, história e a imaginação figurativa. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.d

______. As ficções da representação factual. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.e

Artigo recebido em: 16 de novembro de 2009.
Aceito em: 25 de outubro de 2009.


* Bolsista do PROBIC/FAPEMIG e graduando em Letras pela Universidade Federal de Viçosa;
** Professora substituta do Coluni – Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa.
*** Orientadora. Doutora em Teoria Literária pela Universidade Estadual de Campinas e professora substituta de Literatura Brasileira do Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa.

Concha Acústica vai ser ocupada pela arte

O poeta Artur Gomes e estudantes do campus vão iniciar série de intervenções artísticas com vídeo, poesia, música, materiais produzidos em oficina e muito mais.
Vídeo, cinema, música e poesia vão invadir a Concha. (Foto: Leandro Vicente)


A concha já atrai alunos com sua sombra e campo de visão generosos. A partir desta sexta, 02/03, o poeta e videomaker Artur Gomes espera que o local passe a bombar com as atividades que planejou. Haverá intervenções poéticas, audiovisuais e musicais. Mas isso é só o começo.

- A gente espera que em breve várias formas de manifestações aconteçam lá. É uma ocupação também para outros agentes culturais – comenta Artur.

De apresentações musicais a atividades da Semana do Saber Fazer Saber, aos debates eleitorais, a Concha Acústica consolidou-se como espaço múltiplo. Equipamentos de vídeo e som da Coordenação de Multimídia foram preparados para permitir uma interação com os estudantes do câmpus.

As atividades, como a poesia falada, serão filmadas para posterior divulgação. Entre os materiais preparados estão cults do cinema, videoclips de rock e MPB e um vídeo de Artur produzido na feira do livro de Imperatriz, no Maranhão. As intervenções realizadas no Mercado Municipal da cidade, em 2008, envolvendo cordel, música e arte de rua poderão ser vistas na Concha.

Versão online do livro Bolsista de valor




Confira algumas de nossas publicações em pdf no nosso portal, para leitura online :